Assim escreveu Nietzsche...
“O tempo do bem passou, porque o tempo das civilizações citadinas passou. O último limite que Aristóteles permitia à grande cidade - era preciso que o arauto ainda estivesse em condições de se fazer ouvir por toda a comunidade reunida -, esse limite nos limite nos aflige tão pouco quanto em geral nos afligem ainda comunidades citadinas, a nós, que queremos, nós mesmos, ser entendidos para além dos povos.
Por isso, agora, todo aquele que tem a mentalidade do bom europeu tem de aprender a escrever bem e cada vez melhor; não há escapatória, nem mesmo se ele próprio nasceu na Alemanha, onde se trata o escrever mal como uma prerrogativa nacional.
Escrever melhor, porém, significa também, ao mesmo tempo, pensar melhor; descobrir sempre algo mais digno de ser comunicado e poder efetivamente comunicá-lo; tornar-se traduzível para as línguas dos vizinhos; fazer-se acessível ao entendimento daqueles estrangeiros que aprenderam nossa língua; agir para que tudo o que é bom se torne um bem comum e que os homens livres tenham toda a liberdade; enfim, preparar aquele estado de coisas tão distante, em que os bons europeus tomarão em mãos sua grande tarefa: a orientação e supervisão de toda a civilização terrestre.
– Quem prega o contrário, quem não se afligir com o bem escrever e o bem ler – essas duas virtudes crescem juntas e diminuem juntas -, na realidade mostra aos povos um caminho para que possam tornar-se cada vez mais nacionais: aumenta a doença deste século e é um inimigo dos bons europeus, um inimigo dos espíritos livres".
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